O homem, sendo um ser social e possuindo a capacidade
de uma linguagem complexa sempre sentiu a necessidade de demonstrar seus
sentimentos, seus pensamentos e invariavelmente de registrar suas tradições
culturais. Tal necessidade de expressão faz parte de nossa natureza cognitiva e
deu vazão a "vontade de registrar" “de preservar e transmitir” para
as futuras gerações as informações importantes para os grupos sociais.
Sabemos que isso sempre se fez presente na
humanidade através da maior evidencia desta atividade que é a chamada “Arte
Rupestre”, que são as pinturas e gravuras em rochas, algumas muito antigas, até
mesmo pré-históricas. Em nossa espécie, as pinturas rupestres são uma prova de
que este desejo de transmitir conteúdos através de uma linguagem simbólica é
uma constante, sempre estivemos envoltos nesta preocupação e absorvidos por
esta atividade e tudo indica que continuaremos a desenvolver nossas capacidades.
Mais do que a
transmissão de informação simbólica em linguagens ideográficas, nestes
registros supõe-se que estão expressas formas de arte, cosmologias, signos
mágicos, religiosos e transcendentes. Para a cultura moderna o que é apenas uma
“pintura na parede de uma caverna” pode ter sido o centro do universo cognitivo
de povos inteiros que viam o mundo de maneira muito diferente de nós em nosso
tempo. Para se ter uma idéia, na maioria das vezes, a própria lógica com a qual
pensavam os homens do passado parece te sido completamente diferente da dessa
nossa civilização ocidental que hoje pensa e age através do racionalismo da
ciência – é por isso que o processo científico que é feito para se estudar essa
Arte Rupestre esta sempre voltado para as chamadas ciências humanas.
Mesmo com
muita dificuldade, é estudando todas as facetas de tais registros rupestres que
podemos formular hipóteses que nos permitam entender um pouco mais sobre nosso
passado e isso é importante para formularmos mais perguntas que nos levem a
novos caminhos, até mesmo a modos diferentes de pensar sobre nós mesmos já que
este é o objetivo de uma ciência histórica como a arqueologia que estuda o
passado. Afinal de que serviria colecionar datas e eventos que já aconteceram
se eles não nos influenciarem a re-pensar o presente? Os registros rupestres
que ainda estão preservados podem nos contar e ensinar um pouco sobre como
seria a vida dos homens de um passado distante.
O grande
problema é que tais registros nem sempre mostram imagens que podemos
identificar ou entender, outras parecem estimular nosso senso comum e acabamos
interpretando o mundo de outros povos por aquilo que nos é familiar. Seria esse
um erro do pesquisador ou de qualquer um que entre em contato com tais expressões?
Não, de modo algum, pois todas as afirmações sobre
este tema serão sempre “interpretações” de grupos que refletem seu conhecimento
e sua visão de mundo, e o cientista não escapa dessa condição. Como podemos
então fazer ciência estudando tais pinturas e gravuras? O que difere a opinião
de um arqueólogo da de um turista que olha para uma pintura rupestre? Primeiro,
na ciência, para corroborarmos nossas hipóteses e transformá-las em
interpretações apoiadas por evidencias, temos que achar elos factuais entre
nossa percepção pessoal e as ciências humanas e naturais.
Por exemplo, podemos fazer comparações simples entre
as formas do que foi “desenhado” e do que conhecemos na natureza ou na cultura
imagética de povos aparentados ou descendentes, ou até mesmo com aqueles que
tenham estilos de vida parecidos. Ou podemos diretamente achar evidencias
físicas que apóiam a interpretação que defendemos. Se, por exemplo, afirmamos
que uma cena de uma pintura representa uma atividade de caça, podemos tentar
encontrar restos de alimentação (ossos de animais), armas de caça, restos de
fogueiras etc.; Se dissermos que é uma representação astronômica, seria
interessante constatar se existem alinhamentos astronômicos no sítio, se houve
registro de alguma forma de contagem dos ciclos dos corpos celestes, etc.
Assim, pode-se
produzir evidencias que apoiam ou não as histórias que vamos tecendo sobre o
passado. Porem, as vezes as pinturas rupestres mostram algo que conhecemos mas
que não podemos aceitar pois são elementos diferentes de tudo que construímos
sobre o passado, que vão contra o que a “ciência educacional” tem como dogma. Quando isso acontece nas
pinturas rupestres, o “lugar comum” sempre resolve refutar a anomalia como se
fosse um “erro” de interpretação. Na arqueologia, muitos cientistas que apoiam
uma visão de mundo “oficial” irão se aproveitar da falta de conhecimento do
publico geral para chamarem seus oponentes de “delirantes”, “lunáticos” e
“fantasiosos”, escondendo que eles próprios utilizam os mesmos métodos para
afirmar “suas” interpretações como verdades.
Neste caso
dos registros rupestres, como vimos, não existe uma “interpretação errada”, mas
interpretações que não tem evidencias para apoia-las. Como sabemos bem pouco
sobre o passado, não podemos julga-lo “apenas” pelo que achamos conveniente com
nossas expectativas, interesses profissionais, cosmologias pessoais ou
políticas educacionais.
São muitos os
autores que afirmam terem descoberto significados em pinturas rupestres que
mudam nossa visão sobre o passado humano, que desencaminham as sofríveis
historinhas da evolução humana e do determinismo biológico. Para os
divulgadores da ciência, são “loucos”, para estes talvez o mais coerente fosse
destruir certos registros, “que não fazem sentido mesmo”, passar uma borracha
no passado, ignorar as possibilidades do que pode estar sendo transmitido e que
foi registrado a milhares de anos, sim este parece ser o melhor caminho. Quem é
que precisa explicar o porquê de um "homem das cavernas" que “nem
fogueira sabia acender direito”, tentar estragar todo o conto de fadas que
criamos sobre o passado com estes devaneios criativos. Sim, vamos ignorá-los, a
criatividade do homem, a imaginação só atrapalha trabalhos sérios, ainda mais
porque fomenta estes "pseudo-cientistas" que sem fundamento algum
querem re-escrever o que já está sacramentado e que é tão útil aos interesses
dos que financiam as pesquisas.
E o que é tão absurdo assim que deve ser totalmente
ignorado?
Bom, vários
registros rupestres encontrados na pré-história “mostram” uma possível
intervenção alienígena em nosso passado remoto - óbvio que choca - então se
argumenta que não passa de "imaginação". O problema é que é uma
interpretação bem embasada: Além de ser possível fazer uma comparação das
formas nas pinturas com os relatos, os filmes e as fotos modernas, não se trata
de um fato isolado no tempo e no espaço, e sim de múltiplos registros em épocas
e locais distintos do mundo desde a pré-história. Então, não devemos considerar
seriamente tal possibilidade tão importante? Eles não deveriam estar lá, não
deveriam, mas estão! Como pode haver a possibilidade de alguém ter registrado
um “disco voador” numa pintura rupestre de milhares de anos, se o governo diz
que essas coisas não existem?
Registros de
tal intervenção, na verdade são uma constante, não pense que
"ufologia" é moderna, o termo pode até ser, mas o conceito esta
presente há muito, muito tempo.
Nossos
antepassados retrataram com a maior clareza possível o avistamento de naves
idênticas as que são relatadas nos dias atuais, os "homenzinhos
verdes" modernos (melhor dizendo, de "imaginação moderna") são
extremamente semelhantes aos homenzinhos verdes pré-históricos. Além de
parecidos com registros fotográficos, eles ostentam a mesma forma que as testemunhas que dizem terem visto um
óvni descrevem e desenham nos dias atuais, não há grandes diferenças. Pura
coincidência, ou podemos pensar em uma hipótese científica de visitas
extraterrestres no passado remoto.
O maior
problema para aqueles “de mente fechada”, é que se aceitarmos meramente tal
possibilidade, destrói-se a argumentação de que os discos voadores são projetos
secretos Norte-americanos ou Nazis; de que é uma ilusão coletiva da época da
ficção científica; de que os extraterrestres não podem ser humanóides pois
seria o golpe de misericórdia na sagrada teoria evolução das espécies.
Lembremos que a partir do surgimento da escrita, os homens do passado também
retratam interação com tais seres “vindos das estrelas”, afirmam que aprendemos
com eles, que nos estruturamos com eles, que fomos criados por eles, ou que
somos descendentes deles. De que este planeta “ou mundo” foi criado e não é
natural.
É muita coisa em jogo para se pensar a partir de
umas simples pinturas pré-históricas, mas lembremos que quase tudo que nos
ensinam sobre o passado, sobre os primórdios de nossa espécie, saiu dali mesmo.
Ah...mas tais
heresias, não existe forma de a ciência aceitar, pois é tudo
"pseudociência".
Mais fácil
chamar um arqueólogo ou historiador de "pseudo-cientista" por apenas
refletir sobre o que esta sendo expresso do que pensar sobre alguns conceitos
tão importantes, ir contra os "deuses da ciência" é absolutamente
fora da questão. Porém é compreensível, além da questão da manutenção do poder
de quem esta contando a história da humanidade, o homem comum o faz de tudo para
se auto-preservar, isto faz com que o novo seja algo assustador. Já vimos isto
antes em todas as revoluções científicas.
O fato é que
do ponto de vista PaleoSETI, aceitar tal intervenção mostra um novo caminho,
uma luz diferente sobre um obscuro passado, tal possibilidade abre precedentes
para se entender o que a ciência tradicionalista não consegue responder, pois
no momento não lhe interessa mudar as coisas.
Não se trata
de "como o homem surgiu" (como se uma intervenção extraterrestre
respondesse o surgimento da vida, é óbvio que não é esta a intenção), mas sim
de "como ele cresceu", quais possibilidades ele teve e tem ainda.
Este mesmo
homem "imaginativo" que pintou em suas cavernas contatos com naves e
seres alienígenas, mais tarde estava iniciando a civilização, se organizou e
almejou ir também ao espaço e fazer exatamente o que seus ancestrais afirmam
que aqueles que vieram das estrelas fizeram.
Dizem que
quem defende a hipótese PaleoSETI desfaz da capacidade humana, que o homem
seria capaz de fazer tudo o que fez sozinho, por inteligência e por muita força
de vontade, sim, de fato, o homem é extremamente inteligente, e quando muitos
se juntam entorno de uma idéia, podem alcançar grandes feitos. Mas não foram os
europeus que chamaram a história dos outros povos de “Mitos” seus encontros com
povos das estrelas de ”encontros com deuses”, tudo significando fantasia,
enquanto para eles era sua história? E também não é chamar de
"incapaz" o mesmo ser inteligente que escreveu afirmando que não foi
ele quem fez a tal pirâmide, ou aquele que pintou um possível “disco voador”
ser “incapaz” de um contato extraterrestre - ou seja, pra variar, no marketing
da ciência, dois pesos, duas medidas.
O homem pode
ser inteligente o suficiente pra construir pirâmides, mas não é inteligente o
suficiente para retratar fielmente um alienígena ou para contar a história de
sua descendência e de suas realizações. O pior notar que o homem antigo nunca
escondeu, os registros são sempre específicos, “deuses” vieram do céu,
ensinaram, partiram, prometeram voltar, e o homem sempre o esperou, uns
voltaram, outros não, partiram de novo, é a mesma coisa em todos os cantos do
mundo, os registros são muito similares. Se os homens que construíram uma tal
pirâmide, por exemplo, disseram que é obra “dos deuses” (que para eles
significava seres não humanos que residiam nas estrelas) e as pirâmides estão
lá, porque não acreditar? Ahh, é porque ai é duvidar da inteligência ou da
criatividade dos nossos antepassados, embora ninguém saiba como foi que fizeram.
Os registros
rupestres são mais uma prova de que a possibilidade de intervenção é realmente
possível, pode ter outra coisa, ter sido imaginação pura e coincidência, sim,
pode, mas é muito mais improvável se considerarmos as evidencias que apoiam a interpretação
dos discos voadores. Porque não interpretar estas pinturas pelo o que ela
simplesmente esta querendo dizer? Para que inventar um milhão de variáveis e
desculpas para tentar alterar a validade desta interpretação?
Acho que as perguntas levantadas aqui são só o
início das respostas.
Texto baseado no artigo O registro rupestre na
Interpretação PaleoSETI
Andrada. A.C. O registro rupestre pela Interpretação Paleo-SETI. Rev Paradeshâ, 2009, Maio: p.19-37.
Andrada. A.C. A INTERPRETAÇÃO PALEO-SETI E O REGISTRO RUPESTRE : Apresentado como Comunicação no XVI Congresso da SAB - Sociedade de Arqueologia Brasileira/XVI Word Congress of UISPP (União Internacional das Ciências Pré-históricas e Proto-históricas, Universidade Federal de Santa Catarina, 04 Setembro de 2011.
Texto revisado e autorizado por Andrada A. C.
Artigo original disponível para download:
(gentilmente cedido pelo autor)
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